Banco Central mantém Selic em 13,75% pela 4ª vez consecutiva e aponta aumento de gastos para trazer inflação para as metas (2023)

Em sua primeira reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu novamente manter a taxa Selic em 13,75%. Pela quarta reunião consecutiva, a autoridade optou por não alterar os juros. A decisão foi unânime.

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Em 21 de setembro do ano passado, o Copom interrompeu um ciclo de 12 altas consecutivas da Selic, iniciado em março de 2021.

Houve um consenso entre analistas e economistas de que a taxa de juros seria mantida no patamar atual. Agora o mercado está de olho no comunicado que acompanha a decisão, tentando saber como a autoridade monetária avalia os riscos inflacionários atuais e se houve mudança de tom no discurso sobre o assunto.

O texto começa citando temores de uma recessão global e da volatilidade dos ativos financeiros.

“O ambiente externo ainda é marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano, alta volatilidade nos ativos financeiros e ambiente inflacionário pressionado, embora haja sinais mais positivos na margem”, diz o comunicado.

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Mas o Copom também aponta que os dados recentes da atividade global são “relativamente elásticos”. Ele também apontou que o relaxamento das restrições sanitárias na economia chinesa “atenua a possibilidade de novas interrupções nas cadeias de suprimentos globais”.

Com relação ao cenário interno, a faculdade avalia que os últimos indicadores continuam confirmando o cenário de desaceleração esperado pelo BC.

No entanto, ele destaca que tanto a inflação ao consumidor quanto diversas medidas de inflação subjacente permanecem “acima da faixa compatível com o cumprimento da meta”.

Em situações com risco de aumento da inflação, o Copom citou a maior persistência da pressão inflacionária global e a incerteza quanto ao futuro do quadro fiscal do país.

“A situação, particularmente incerta no âmbito monetário e com as expectativas de inflação se afastando da meta no horizonte mais longo, exige maior atenção na condução da política monetária”, diz o comunicado acompanhado da decisão.

Assim, o Copom reforçou sua postura vigilante e disse que a decisão de manter a taxa Selic em 13,75% reflete as incertezas em torno de suas situações, além de “um balanço de riscos com diferença mais grande do que o usual para a inflação esperada”.

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Veja o comunicado na íntegra:

Em sua 252ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% a mais

A atualização do cenário do Copom pode ser descrita nas seguintes observações:

O ambiente externo continua marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano, alta volatilidade dos ativos financeiros e ambiente inflacionário pressionado, embora haja sinais mais positivos na margem.

A política fiscal dos países avançados voltada para taxas restritivas e maior sensibilidade dos mercados aos fundamentos fiscais exige maior cuidado por parte dos países emergentes.

No entanto, os dados recentes da atividade global têm sido relativamente resilientes e o relaxamento das restrições sanitárias na economia chinesa mitiga a possibilidade de mais interrupções nas cadeias de suprimentos globais;

Em relação à atividade econômica brasileira, os últimos indicadores continuam confirmando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom;

Apesar de algum arrefecimento, tanto a inflação ao consumidor quanto suas diversas medidas de inflação subjacente permanecem acima da faixa compatível com o alcance da meta de inflação;

As expectativas de inflação para 2023 e 2024 calculadas pela pesquisa Focus estão em 5,7% e 3,9%, respectivamente;

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,6% para 2023 e 3,4% para 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,6% para 2023 e 5,0% para 2024. Novamente selecionado pelo Comitê para enfatizar o horizonte de seis trimestres, referindo-se ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em doze meses é de 3,6%;

Em um cenário alternativo, em que a taxa Selic seja mantida constante ao longo do horizonte relevante, a projeção de inflação é de 5,5% para 2023, 3,1% para o terceiro trimestre de 2024 e 2,8% para 2024; e

O Comitê julga que a incerteza em torno de suas premissas e projeções é atualmente maior do que o usual.

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O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, os fatores de risco permanecem na mesma direção. Dentre os riscos de alta para o cenário inflacionário e para as expectativas de inflação, destacam-se (i) a continuação da pressão inflacionária global; (ii) a incerteza ainda elevada quanto ao futuro do quadro fiscal do país e os estímulos fiscais que impliquem na manutenção da demanda agregada, parcialmente contemplados nas expectativas de inflação e preços de ativos; e (iii) um hiato do produto menor do que o utilizado atualmente pelo Comitê em seu cenário de referência, especialmente no mercado de trabalho. Dentre os riscos negativos, destacamos (i) nova queda dos preços internacionais das commodities em moeda local; (ii) uma desaceleração mais acentuada do que o esperado na atividade econômica global; e (iii) a manutenção dos cortes tributários com previsão de reversão em 2023.

A situação, particularmente incerta na esfera financeira e com as expectativas de inflação se afastando da meta no horizonte mais longo, exige maior atenção na condução da política monetária. O Comitê avalia que essa situação aumenta o montante da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Diante dessa situação, o Copom reafirma que implementará a política fiscal necessária ao cumprimento das metas.

Considerando as situações analisadas, o balanço de riscos e a ampla gama de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a mais

O Comitê entende que esta decisão reflete a incerteza em torno de seus cenários e um balanço de riscos com variação maior do que o usual para a inflação esperada, e corresponde à abordagem de convergência da inflação para a meta como um todo do horizonte relevante, que inclui os anos 2023 e, em maior medida, 2024. Sem prejuízo do seu principal objetivo de assegurar a estabilidade de preços, esta decisão implica também a suavização das variações do nível de atividade económica e o desenvolvimento do pleno emprego.

O Comitê segue atento, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por prazo superior ao cenário de referência é capaz de assegurar a convergência da inflação.

O Comitê afirma que persistirá até que não apenas o processo de desinflação seja consolidado, mas também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que vêm se deteriorando há mais tempo desde a última reunião. O Comitê destaca que as medidas futuras de política monetária podem ser ajustadas e não hesitará em dar continuidade ao ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não ocorra conforme o esperado.

Votaram a favor desta decisão os seguintes membros da Comissão: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sergio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes.

* No cenário de referência, a trajetória da taxa de juros é retirada da pesquisa Focus e a taxa de câmbio começa em USD/R$ 5,15, que varia de acordo com a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura nos próximos seis meses e depois aumenta 2% ao ano a partir de então. Além disso, foi adotada a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2023 e 2024. A taxa de câmbio foi obtida pelo método usual de arredondamento da cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no dia último dia da semana anterior à reunião do Copom.

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Author: Horacio Brakus JD

Last Updated: 03/22/2023

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